segunda-feira, 30 de junho de 2008


A Teoria da Janelas quebradas diz que nos locais onde se permite pequenas delinqüências, ou se impera a aparência de abandono e do descaso, logo as grandes catástrofes se edificarão.
Tal teoria foi desenvolvida nos Estados Unidos e testada em Nova York. Ao que parece teve êxito, ainda que por um curto espaço de tempo.
Mas enfim, toquei nesse assunto para dizer que quando soube da política do Senador Crivella no Rio, justificado sobre a égide da PAC, logo pensei estar ele sob influência dessa teoria.
Ou seja, consertar fachadas de casas, ruas esburacadas e afins, se encaixa perfeitamente na política de prevenção intrínseca àquela teoria.
Pessoalmente não vejo com olhos de simpatia tal teoria. Parece-me frágil demais tal acepção. E falha. E determinista. Porque não considera uma série de outros fatores, causas reais de atos ilícitos, além da boa ou má aparência dos bairros, guetos, comunidades.
Isso sem mencionar o fato que, nas culturas em que as catástrofes maiores já estão há muito instaladas, preocupar-se em corrigir erros menores a mim soa tal qual a Lei Seca implantada recentemente no Brasil: Paliativo. Mais um desnecessário incentivo à política de encarceramento que vigora no país e que ignora a falta de infra-estrutura, o despreparo, a ineficiência e a incapacidade de uma Estado totalmente punitivo, porém extremamente ausente dos problemas cotidianos de seus cidadãos.
Voltando ao tema, Crivella viu seu devaneio politiqueiro ser abafado pela ação dos 11 militares que atuaram na operação que resultou na morte de três moradores do Morro da Providência, no Rio de Janeiro. Precipitação, despreparo e falta de bom senso: A tríade responsável por um ato que, se não é novidade para a maioria de nós, seres um tanto mais informado (graças a Tupã), ao ser noticiado em rede nacional reflete o verdadeiro absurdo que acontece, comumente, nos subterrâneos do poder estatal.
"Pois então", como diria um povo amigo, nesse momento da vida real, onde todos nós nos sentimos agredidos na nossa dignidade de cidadão, de ser humano, com deveres, mas sobretudo com direitos, talvez alguém, lá no seu âmago mais recôndito tenha, ainda que involuntariamente, feito sua mea culpa por aplaudir a mesma atitude na ficção: Alguns meses assisti, confesso que chocada, as pessoas elogiarem a atuação da força policial no filme "TROPA DE ELITE". A maioria defendia o abuso de poder, por parte dos protagonistas, que usavam e abusavam dos métodos de torturas, tudo em nome da lei, é claro. Ouvi de um amigo essa frase(que gerou uma discussão entre nós): É o Rio de Janeiro. Lá é estado de guerra praticamente. Não há outra atitude a ser tomada.
Continuando. O filme desde as primeiras cenas me incomodou: "que porra de mocinho é esse que ignora as necessidade da sua própria mulher, grávida, e que vive única e exclusivamente em nome de uma instituição que parece ter estagnado na década de 60?
Contudo o povo gostou, aplaudiu, como papagaio repetiu que "bandido bom, é bandido morto".
A tragédia que aconteceu com os rapazes do Morro da Providência talvez ressoe na mente desse povo que pensa que polícia nunca erra. Quiçá lhes conceda a oportunidade de repensar até que ponto devem chancelar, aprovar todos os atos daqueles que representam o Estado e, em seu nome, agem para o bem ou para o mal.
Em todas as mazelas que passamos, sempre há algo a aprender. Que não deixemos mais essa oportunidade nos escapar.

quarta-feira, 25 de junho de 2008


Existe um assustador abismo entre aquilo que você quer dizer, e o que realmente diz. Aprendemos isso desde crianças.

Ainda que, em determinada época da vida, nos revoltemos contra esse condicionamento da vida social, mais cedo ou mais tarde seremos 'calados' por ele.

Há apenas duas saídas para esse paradoxo:
"Floreiar" o que se quer dizer, para que as palavras fiquem mais amenas e suas acepções mais degustáveis, ou calar literalmente sobre aquilo que se pensa. No momento opto pela segunda vereda.






DILEMA DA VIDA REAL:

O mesmo opressor que cerceia teu "discurso" futuramente te cobrará novas palavras.
Vai entender!!!
hahahaha

Ainda que não percebamos, discursamos a vida toda. Até mesmo quando nos posicionamos contra os discursos.
E, sim! Isto aqui é mais um discurso.